terça-feira, 20 de maio de 2014

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Novo blog!
http://intimidadeartistica.blogspot.com.br/

...e sei que estão rolando uns stalkers muito loucos por aqui...
Beijo pra vocês! :*

sábado, 3 de maio de 2014

Explosão .

Pouco importa. Já chegou a hora de dividirmos as dores.
Chegou o momento em que eu ouço tudo,
tudo o que é absurdo, da boca dos tantos intrusos
que se aproximam. Chegou o momento, em que o mundo, sedento,
me cospe. Quem quer, engole. Quem não quer, repele.
Estas mãos vivazes escrevem, sob o chão de cinzas,
mas nenhuma Fênix ressurgirá delas. Porque não há Fênix,
não há Super-mulher, não há Ideal. Há uma pessoa,
rouca, que ecoa seus sentimentos profundos, sujos, imundos,
na forma da Arte mais repulsiva, mórbida, esquiva
e mesquinha. Jamais fui andorinha, talvez fosse um corvo,
um abutre morto e de carcaça seca. Perdi a cabeça,
o chão, as paredes. E todas as vaias mataram minha sede,
pois quem se conhece intensamente
e se reconhece como sobrevivente, sabe:
a reprovação também é combustível.



terça-feira, 3 de dezembro de 2013

NA TUA PELE .

A insônia viu meu retrato
toda noite, nesse quarto
de janelas fechadas
(Foi a testemunha
das lágrimas 
que derramei)

Te acarinhei, sonolento,
Recebi espinhos, injúrias
Busquei nas madrugadas
tua voz, tuas palavras,
mas nada! Nada ouvi...

Vejo as cortinas esquálidas,
Dia escuro, sol esvaecido
O choro é sujo, não lava
meu espírito entristecido

Lembranças me mataram
mas estou vivo, talvez forte
Sofri, e vi teu sorriso
em meus sonhos...
Perguntei: Quem és tu?
A morte? Maldita! Maldita!
Tuas perfídias
envenenaram-me!

Ouço um eco, uma voz feminina, que diz:
" Sou quem não escolhe quem ama
e quem se salvou da lama
nas mãos de um condenado..."

Escrito em 20/11/2013

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Fora de controle .

O bonde da minha tristeza perdeu as rodas, os passageiros e o volante.

As rodas se cansaram da mesmice e fugiram em disparada.

Os passageiros se jogaram à frente delas e se mataram.

O volante eu guardei como lembrança dos passageiros, meus fantasmas.

... punhado de fichas perdidas ...

Antes do tempo passar ele parou para cortar minhas asas e jogá-las para longe. Nenhum de nós voa agora. O tempo está lento e parece não passar, enquanto eu arquejo paralisada... com meus antigos sonhos espalhados no chão como cacos de um espelho quebrado no qual me cortei. Se cabisbaixa, vejo meu reflexo sob a ótica de vários ângulos e sempre manchado de sangue. Me desencontrei e perdi todo e qualquer ânimo; estou seguindo, mas contra a minha vontade. Com uma borracha eu tento apagar as minhas ações, mas elas me parecem cristais lindos que não devem ser quebrados. Hoje estou mais despedaçada e breve do que ontem e esse dia que agora corre me parece um fardo que tenho de carregar... ainda que para carregar, precise andar pisando nos estilhaços de vidros/sonhos soltos pelo caminho.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Saudosismo .

Entregue ao descaso
de longíquas amizades
Leviana ao sargaço
de trépida tempestade
O orgulho alimentado
me remota à saudades

Ontem, à sombra noturna
Limitada a lembranças
Reconheci a ilusão impura
de saudosista Esperança:
senhora da vida eterna
que de tão bela desperta
em mim, rubor de infância

Revelei em meu seio os filmes
Do choro, que não vistes
De carinhos desprezados
Dos ciúmes rechaçados
Tantos amores disfarçados
em lágrimas virgens

Propus ao meu coração
devaneios antigos
Apertei minhas mãos
Atentei os sentidos
Reacendi a emoção
de instantes perdidos

Inúmeros abraços dados
Sorrisos calorosos
Fracassos suspirados
Juras e votos

Meu peito arqueja em frio
E nele me envolvo - demente
Inundo meu corpo num rio
com enguias e serpentes
Pois a Morte deve ser
mais densa que a Vida
Lânguido é o morrer,
mas e a alma - infinita?

Não bastaria o sono eterno
para estancar os estragos
Talvez chuvas de inverno
hipotermizem os machucados
para que eu não mais sinta
a sinestesia de outrora
Desejo ser nova e límpida
como a alvorada e a aurora...

Escrito em 23 de agosto de 2011.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Infinda mágoa .

Uma cadeira de balanço
Em frente ao espelho
Mãos já sem encanto
Penteiam os cabelos

Olhos miúdos apertados
Pele fraca, enrugada
Testamento anunciado
Sentinela marcada

Meninice morta há décadas
(em um caixão enclausurada)
O tempo me fez boneca
Amanhã serei das larvas,
recém-nascidas, na terra,
pequenas e encorpadas


Ontem: uma imagem
idolatrada, venerável
Hoje: mero desgaste
frágil, vulnerável

Estonteada, paralítica
Arrasto as muletas
Tentativa interrompida
Permaneço na cadeira

Bato o pente no espelho
Deixo-o fragmentado
Um dos pedaços aproveito
Rasgo meu peito rasgado

O sangue forma uma poça
Os olhos, outra...

Morta, não sinto meu corpo
Mas a alma pesa mil quilos
Dos ventos não noto o sopro
Não mais falo, não respiro

Fechei as roxas cortinas
Desse terrível espetáculo
Nunca fui uma heroína
ou um ser respeitável

A dor continua ainda,
segue um hino macabro
A vida? um dia finda.
A angústia? Inacabável.



segunda-feira, 10 de junho de 2013

Inferiores .

Perdeu o pudor desde cedo
Conheceu a morada do vício
Paixões sujaram seus dedos
Depredação ao meretrício

Não foi completamente prostituída
mas o foi aos pedaços
Erotizada, corrompida
Um mero altar de fracassos
Sangue banal, moral cuspida
Infeliz e imperdoável

É inútil a tentativa de ser
boa mulher, boa pessoa
A culpa tende a crescer
e a tristeza até ecoa
em meio à superficialidade

É bendito o útero que tu tens
É bendita a beleza que trazes
Malditas as tuas escolhas, tua sensualidade?


Son(h)o .

A Consciência se acende
enquanto a luz se apaga
O inquieto ser pressente
o triunfar das graças

O "acordar" só concerne
os atos impulsivos,
a satisfação da pele,
os pecados cometidos
Mas as noites, inertes,
atacam os sentidos

Tão fortes os remédios
que logo surtem efeito
Hipocondria, ímpeto
Ingiro comprimidos, deito

Durmo por algumas horas
Dentes rangem - bruxismo!
E um espírito mau assola
o meu corpo, em um atrito

Ouço meus poetas prediletos
a recitarem belas poesias
O sono é o portal secreto
d'uma santa esquizofrenia

"Eu amo a Noite que este Sol arranca!"

Eu amo a velhice que em mim habita
Pesadelos tidos na infância
deixavam-me c'alma aflita,
Mas hoje, as minhas ânsias
são se resumem na aliança
entre sonhos e noites vivas!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Inter(rogo) .

E agora? Cadê a beleza, a autonomia, a autossuficiência, a confiança, a alegria e os ideais?
Onde estão? Alguém pode me explicar, por favor, como não ter repúdio pela nossa própria miserabilidade?

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Confessionário .

Ajoelho-me aos pés
do altar dos pecados
sem notar o viés
das consequências de atos
que instigam minha carne
Me vejo, em sobressalto,
numa sequência de imagens

Encarcerada em Sodoma
por vontade própria
Nenhum chicote me doma
Nenhum sermão me exorta
Meus valores? Em coma!
Enquanto o receio mofa
no meu sótão mental
Transgrido a repressão
celebrando a erupção
da feminina lava sensual
que escorre nas coxas

Rejeito, atemporal,
a hipocrisia amorfa
idealizada nos séculos

Não sou mulher vitimada
Não subestimo meu sexo
Sigo uma vida não casta
com outros mil adeptos

Vou na frente de todos
e abro trilhas com meu corpo
totalmente descoberto!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Exclamação .


A tosca raça humana
nada tem de serena
Apodrece na cama
Sofre de gangrena
Sua doce ética emana
e, aos poucos, envenena

É suja, feia e doente
Cospe na equidade
Alega ser inocente
Esconde a sua face:
Pura camuflagem de gente
que promove auto-imagens

Esbravejos de revolta
nada transformarão
A revolução é a porta
cíclica que contorna
rumores de destruição

É necessário se abster
de toda a Humanidade
pregada pelos humanos

Já que esta Humanidade,
nada tem de verdade,
e tudo tem de profano!

Clássicangústia .

Viver é estar em meio a um punhado de lixo radioativo. Hoje, o horizonte é a desesperança, a indiferença, e a respiração pesada. Nada mais faz sentido na vida. Nada. Sem motivos, sem razões, sem  nenhuma direção. Somente há a compreensão de que não se pode encontrar direcionamento algum. Só se veem bússolas quebradas e não há quem as conserte.


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Destinos .

A incerteza da humanidade
não se limita à teorias
sobre capital e cidades
com pessoas vazias

Porém se mantém tão acesa
quanto a ponta de um cigarro
E sustenta uma chama ilesa
mesmo após tragos vários
Iluminando a estrada adesa
dos seres inconformados...

Saturação .

Gotas de chuvas invadem a janela da sala. Estou sem forças, não as impedirei de entrar. Gotas de álcool inflamam todas as cartas e contas que já passaram pelas minhas mãos. Gotas salgadas deixam meu rosto úmido e meus olhos inchados. Gotas de sangue (meu sangue) se debruçam no piso da sala.
Em meio ao medo de não saber o que me espera, tento me acalmar, pois não existe mais volta. Creio que em minha morte, grandes pedaços de carne alimentarão a terra, além de agraciar também, pequenos decompositores.
Acredito que quando estiver incorporado ao solo, meu corpo será mais útil, trará vida ainda que permaneça morto e presenteará formosos Vermes com a desculpa insensata de que a defunta detestava tudo, inclusive sua própria existência.