quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Cremação .

Ó carne perversa
Ó guerreira dos prazeres
Desamparar-te-ia se possivel fosse
Desgosto e apenas desgosto
Só ressentimentos tu me trouxe

O sol absorveu minha cor
Pálida sigo ao meio-dia
Na beleza não mais reparo
pois fui tomada pela agonia
Caminho murcha pela calçada
por todos sendo olhada
E nem vergonha deles sinto
pois meu intimo está sob neblina densa
Somente repensa...
Somente repensa...

As nuvens brancas
vão se separando
vão me deixando
E sobre mim, eu observo
que está um céu azul claro
digno de um dia ensolarado
digno de um sorriso tão calmo
quanto o olhar do cão abandonado
que me olha no outro lado da rua

Nada serve por enquanto
Longe estou de Deus
Nada é bom assim
Devagar eu sigo calada
recusando tudo que chega a mim
Meus erros atropelaram-me
Meus próprios desejos esmagaram-me
Debaixo do grilhão triturador do Mal
minhas vontades extremas jogaram-me

Onde está agora minha cabeça?
E minhas mãos, onde estão?
Meu corpo foi multilado
e queimado numa grande procissão
Não encontro mais meus membros
Vejo uma grande distorção
enquanto o incenso das minhas cinzas sobem...

Amarga restou minha alma
Suas ânsias não foram queimadas
Queria fazer surgir uma porta
Uma chave, talvez
Quero sair daqui, desse lixo
que criei usando meus próprios meios...

Esvai-se desvairada minha vida
voando como borboletas pequenas e negras
Meu rosto desenha uma expressão neutra
sem sorrisos ou lágrimas
Morrendo em vida, nada sou
Morta em vida, nada serei


Vim do pó e a Ele tornarei.

domingo, 22 de agosto de 2010

Versos simplórios e intensos .

Dias tão nublados, tão sem vida.
Pessoas tão chatas, tão ruins.
Espelho tão verdadeiro, tão bobo.
Eu tão estranho, tão incerto.
Vícios tão malditos, tão insanos.
Mundo tão estranho, todo errado...

Horas tão certas, tão fúteis
Neblina tão densa, tão fria
Mais uma manhã vazia
Olhos tão perdidos, tão tristes
Chão tão fundo, tão profundo
Vento tão estranho, sem direção...

Flores tão lindas, tão mortas
Céu tão azul, tão escuro
Sorriso tão amplo, tão falso
Destinos tão feios, tão distantes
Demônios tão perto, tão mentirosos
Amores tão estranhos, nada normal...

Palavras tão violentas, tão sutis
Ilusão tão real, tão sem vida
A máscara esconde a cicatriz daquela ferida
Momento tão esperado, tão longe
Chuva tão limpa, lagrimas tão pesadas
Sentimento tão forte, sangro e é natural

Mudança repentina, tão correta
Cores surgindo, tão fortes
Perdão surrado, tão velho e tão novo
Coração tão negro, tão sofrido
Ser humano tão louco, tão desvairado
tentando aprender a viver novamente
num jardim repleto de rosas com espinhos...

Poema criado por Lemonah e C. J. do Blog Melancolia Psicodelica ...
( http://www.melancoliapsicodelica.blogspot.com )

domingo, 8 de agosto de 2010

Tão comum .


Um dia, por dor, um homem chorou
pois com grande força foi pisado,
porém na soberba adentrou
e deixou-se cair envenenado

Agora se maqueia de mentira
vestindo-se com roupas de escândalo
Geme, sorri, deleita e devora
sua própria carne num ritual vândalo

Seria isso força? Ou pura fraqueza?
Seria descaso? Ou por acaso, destreza?
E se nada disso for, que seria então?
Talvez morte do espírito, do coração

No escuro abraça-se ao travesseiro
e vê a
escuridão como principal abrigo
Derrama traumas embaixo do chuveiro
por não ter seu próprio perdão consigo

Congela e mata suas emoções
dizendo que não importa ser feliz
Mas nos seus sonhos de criança
essa frieza maldita nunca quis

Destrói os outros e os ilude
pisa neles e com palavras chicoteia
Aplica forte injeção de maltrato
pois por instinto, os odeia

E no fim, esse homem se vê
como todos que o maltrataram
Sujo, hipócrita e egoísta,
apenas mais um retardado

Quem estenderá a mão?
Quem o tirará do poço?
Quem superaria o rancor
de uma alma repleta de desgosto?

E quem mais tiraria
os pregos da carne humana?
Quem poderia resgatar a fé
sem pudor nem drama?

Para a resposta não há mistérios
É preciso apenas querer a Luz
Não se pode levar o ego tão a sério
porque o rancor não supera a crucificação de Jesus.