terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Visão futura .

Te perderei amado
Disso lamenta minha alma
Meu coração está angustiado
pois tua voz não mais me embala

Não mais te senti ou ouvi
Nem respirei o ar que foi teu
Difícil está caminhar por aqui
sem ganhar os abraços que sempre me deu

Já reparei que tu havias visto
minha facilidade em desistências
Perdão, porém não mais consigo
relevar tua ausência

Vai acabar e vai doer
muito em você e ainda mais em mim
Pode sangrar e até fazer morrer
Triste é, mas será assim...

Fique em silêncio, garota .

Assim se aquece a minha doce alma
que um dia fora tanto amarga
Entorpece-se então a minha frieza
desfazendo-se em abundante leveza

Transcede o equilibrio do bem ao mal
A cabeça suportando uma dor mortal
Carrego então meus anseios calada
Não quero regredir nessa minha jornada...

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Redenção no castelo .

Castelo antigo, medieval
Grandioso e belo como um cristal
Em sua mais alta torre há uma garota de negro
que se encontra sob uma cama de lençóis vermelhos

Rodeada por preciosas pedras, ríspidas como espinhos,
sofre as dores resultantes dos erros de seu caminho
Traz em seu sorriso a mentira do fingimento
pois uma alma jamais divide-se entre calma e lamento

A garota havia preferido a beleza retraída
Escolheu a morte em lugar da vida
Quis o mal em vez do bem
Tornou-se dos seus pecados, refém

Desejou ser amada e ser por todos olhada
Praticou incertos rituais na madrugada
Conseguiu o que almejou, ao raiar da alvorada
todavia ao anoitecer foi escravizada

Aprisionada pelas algemas que ela mesma criou
ao receber em si o terror de enormes delícias
sabendo ela, em seu interior
que seus sonhos ruins não passavam de malícias

Em sua mente apenas existia um pensamento
"Minha morte trará o fim do sofrimento."
Não havia mais nenhum motivo para seguir
Dessa forma, porque não se auto-destruir?

[...]

Garota de negro sob uma cama de lençóis rubros
Sendo corroída pelo ácido do arrependimento
Garota de negro em meio aos barulhos noturnos
moída por iniquidades intermináveis vai sendo

Um pedido de perdão sai então daquela boca
que o nome do Senhor um dia tanto profanara
O temor manifestou-se de forma que ela chamou-se louca
por não ter ouvido Aquele que cura toda chaga

Desde os céus o amor falou mais alto
E então todo laço maligno foi desatado
Retirada foi toda maldição
E as algemas se partiram ao chão

[...]

Jesus Cristo é quem pode tirar de você a dor,
transformar tua mágoa em doce sorte
Jesus Cristo é quem pode salvar você
até mesmo quando a unica solução parece ser a morte...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Relato de uma menina velha .

O espelho me pergunta quem é que se reflete nele,
e eu me perco nas palavras, como uma poetisa inexperiente.
Não! Em mim não pode haver sinais dessas pragas pestilentas,
dessas potestades invisiveis,dessas sanguessugas violentas,
destas pessoas terriveis...
Mãos tremulas acendem as velas de um castiçal antigo,
enferrujado pelo mesmo tempo que enrugou
as margens do olhar surrado que trago.
Suor forjado escorre minha face,
a molha de tal forma que até a maquiagem se aborrece.
Sangue inocente queima minhas mãos,
arde tanto que nem a morte faria cessar essa agonia.
Me debruço sobre a penteadeira,
e as flores artificiais que a enfeitam cobram de mim
a naturalidade que meu rubor deveria ter.
Suspendo a janela do quarto,
e um rouxinol me surpreende com seu belo canto.
Olhando-o fixo, me distraio.
E assim, sorrio disfarçadamente.