segunda-feira, 23 de abril de 2012

Derradeiros .


Enquanto o sol desaparece
e o eclipse modela formas
O peso da morte se insere
como Cruz em nossas costas

Enterraríamos indagações
por fluência de medo?
Aceitaríamos os grilhões
do insalubre desprezo
lançado pelo Verme -
Deus da decomposição?

Quando os cremadores
reduzirem-nos à cinzas
Todos os esplendores
de vidas já extintas
disseminarão o perfume
da falência inspiradora
e do exílio eterno...

E após os rituais mortórios
Ante o odor cadavérico
Todos nós - Pó simplório
Adentraremos ao inferno!

terça-feira, 17 de abril de 2012

Intuitivo .



Necessito da quentura
de teu respirar ofegante
Pois a tua estrutura
é tão estimulante
quanto a cocaína...

domingo, 15 de abril de 2012

Acíclico .


Cada corpo que eu enterrava
era uma chama que apagava
e um trauma irredimível

O carinho que os entusiasmava
A atenção que eu demonstrava
encobriam um segredo terrível

E os dentes que hoje guardo
representam todo o legado
de um ciclo interrompido...

Passado Rubro .


Saboreando o teu sangue
que espumava em minha boca
Experimentei a chance
de provar o quão louca
aprendi desde sempre a ser

Desgracei tua liberdade
Continuo em impunidade
e sobre ti posso escrever

Cada memória é uma faca
destruindo esse Abril
atirando como arma
em meu peito vazio
escondendo toda a calma
que minha'lma jamais viu...

sábado, 14 de abril de 2012

Amor aos males .


Os frígidos ares ecoam
gritos da minha história
Mas minhas mãos não soam
E o meu olhar não chora

Sou vista como babilônica
E tal fama não me devora
Nasci para exalar amônia
e abrir a Caixa de Pandora

Lágrimas não mais derramo
por quem me atira dardos
Nem tampouco mais eu clamo
por absolvição de pecados

Realmente eu estou perdida
(entre páginas de revistas)
E mantendo completo sigilo
Leio os últimos capítulos
sobre rainhas e seus beijos
com criados em calabouços

Vivo como prefiro
pois o homem sem desejos
é um homem morto...

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Realidade abrupta .


Enquanto inúmeras crianças
amavam palhaços
Uma, sem esperanças,
desejava matá-los

Não sorria, não chorava
Afeto não demonstrava
Em seu silêncio surgia
fulgor de misantropia

Desfez seus transtornos
ao se "converter"
Mas rejeitou subornos
o seu jeito de ser

Não adianta mais renegar
o sangue das tuas veias
Para quê retirar
as aranhas das teias
Se são elas que dão
morbidez aos telhados?

Não te deixarei poupar
esse lado perverso
Completamente encoberto
por essa torpe mania
de a todos perdoar!
Se de vidro é esse teto
Pedras, irei lançar...

Algeme os meus punhos
que faço questão
de te satisfazer

Cerrando meus olhos
te amando, gemendo,
encontro o prazer

Tu és meu demônio,
meu Senhor Supremo
O pesadelo no sono
e a perda que temo!

Não deixes meu corpo
se resfriar no leito
Que não deixarei
nenhum sufoco
estremecer teu peito!




JE T'AIME...

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Escândalo .

Revirei as tumbas
da minha memória
Deifiquei múmias
de ex-histórias

Ouvi vozes estúpidas
Fanatizei meu cérebro
Adorei deusas impuras
nas profundezas do inferno

Empalei os escravos
de desejos proibidos
residentes de minha'lma...
O Consciente despertado
e um tanto ensandecido
obteve incrível calma
ao redefinir minha índole:

- Sou uma sociopata
amante de crimes....