domingo, 18 de março de 2012

Império .

Descontrolada hiperatividade
após levantar d'uma cama vazia
E deselegantes impunidades
levaram um bispo à euforia

Insultos - sua boca proferiu
Blasfêmias lançou - descrente
Rasgou a batina - sorriu.
E seguiu nu, em frente.

Estuprou prostitutas de má sorte
Decretou a igreja aos destroços
Sentenciou gargantas ao corte
E desarticulou vários ossos...

Ataque de fúria em plena manhã
motivado por funções genéticas
Mais um homem entregue ao clã
dos assassinos longe das trevas
que sem mentalidade sã,
reinos e mundos impera!

sábado, 17 de março de 2012

Açougue perfumado .

O olhar frio que engana
aos ingênuos de alma
Se acalenta na derrama
de vinagre nas chagas
que foram iniciadas
por meio do combate
entre a ética e a loucura...

Quem estrangula outro ser
e se compraz nas torturas
perde-se no conviver
com a própria soltura
Vivo, em meio ao mundo
enterrando seus defuntos
em subsolos macios,
ironiza o nascer das flores
que desenvolvem odores
românticos e adoráveis,
sugando os sais execráveis
de mortíferas moléculas...

Obsessivo .


Quando percebi que John não me amava, o chamei para ir em minha residência. Lá, ofereci bolo e café... John aceitou, se satisfez e não notou que havia veneno no que tinha comido. Agonizando, perguntou o que estava acontecendo e respondi:
- Esse é o nosso casamento, amor.
Pus uma aliança em seu dedo anular da mão esquerda e outra idêntico no meu dedo.
Assim tirei a vida de um homem que não me queria tão intensamente como eu o queria, mas com força de vontade consegui tê-lo. Sempre que quero sentir o perfume de meu amado, vou ao jardim e cheiro as flores... Sei que elas usam os nutrientes decompostos dele para que se desenvolvam... Meu querido é tão cheiroso...
A todo momento deito perto das flores e repito, veemente, a frase que nunca me canso de dizer:
- John, você não sabe o quanto me faz feliz. Amo-te!

domingo, 11 de março de 2012

Desastre natural .

Miro no espelho
teus olhos quando me vejo.
Em meus olhos castanhos
enxergo a doçura dos teus...

Na minha brancura
nego teu fenotípico bronze
E em meus lábios rosados,
sinto o gosto salgado
de lágrimas saudosas...

Somente com a distância
pude compreender
a tamanha inconstância
da necessidade de te ver
De olhar teu sorriso
Aprimorar teu sarcasmo
E te observar ao crescer...

Me recordo do teu sono
e de teu corpo sob meu leito
Me recordo das noites
em que encostei no teu peito
e ouvi teu coração bater
enquanto tu dormias...

Se te ensinei a ser quem és
O que farei nesses dias infiéis
sem o teu EU perto de mim?

Ego, perdoe esta minha fraqueza
mas meu irmão, hoje, é a certeza
de que não mais quero ver o fim...

sexta-feira, 9 de março de 2012

Ar .

Em tempos-remorsos
o toque dos corpos -
Corpos celestes em fúria
fazem de suas forças
controles remotos,
amores devotos
que descongestionam
a respiração...

terça-feira, 6 de março de 2012

Luxúria .

Sucumbidos pela carne
seguimos os passos
que levam à morte...
Sem trair a verdade
desenhamos traços
da vida sem sorte
à qual fomos reservados.

A amoralidade humana,
sem noção de pecado
É a porta mais triste
para os confins da vida.

Sorrimos alucinados
mascarando os fardos
de experiências tidas...

Traímos a nossa alma
fazendo-a acreditar
em sorrisos de mentira.