segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Homem Moderno .

Homem lento e primitivo
Ser inibido porém sexual
Instintivamente promíscuo
Teorema masculino atual
Alegre ao se satisfazer
nos rituais cotidianos
Simplório maquinário de prazer
que se destrói por entre os anos

Desgraçado! Mas ditoso
em poluções noturnas
Cadáver feito de gozo
Morto pela visão turva
que obteve da vida
Defunto que respira
os ares da despedida
das carícias finitas

Homem faminto de suor
de beijos, de paixões
Dos animais é o pior
por rejeitar sermões
Tão errante e incorreto
Nem obtuso nem reto
É somente um ângulo esperto
Um emaranhado de cordões...

Faces da Vulgaridade .

Mulher fácil e obsoleta
Tanto covarde quando boba
Das frutas a mais peca
Dos sanatórios a mais louca
Mulher de inútil querer
Da mais leve depressão
Que nunca soube viver
Nunca soube dizer não

Enquanto erra - chorosa
em poesia e em prosa
Torna-se verme e devora
sua alma desgostosa
por mágoas manchada
pela seca esturricada
que lágrima não molha

Mulher que se entrega
com consciência triste
Mulher que não releva
a desilusão que existe
dentro do seu peito...

Mulher, por quê não pensas
no que terás de recompensa
ao se desnudar no leito?

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Incubus .


Virás essa noite, Incubus,
para profanar meu leito?
Preencherás os sulcos
dos meus quentes seios?
Tornará esdrúxulo
o desejo alheio
para invocar esta alma
que de tão desalmada
afugenta os gorjeios?

Incompreendo a física
do magnetismo que usas
Porém dispenso - ilícita
a tísica recusa
dos teus atos
Antes disso, eu abraço
a dor do desembaraço
que tu me propões
Quando se rompem
todos os padrões
do próprio cansaço
E a drenagem das ilusões
me entrega ao orgasmo...

sábado, 10 de setembro de 2011

Crise .

Caráter disforme, quebradiço
que se destrói e recompõe
Humano poder escorregadio
Triângulo isósceles, confusões

Na ira malograda
objetos eu quebro
Loucura revelada
num pane interno
Demônios me possuem
Sou o próprio inferno

Críticas me fogem
O suor escorre
Perco a covardia
Torno a alma fria
uma nova aliada
Grande companheira
de minhas madrugadas...

Vida ao acaso .

O que trago não é desespero
nem a lamúria, nem o breu
Só retrato talvez, os lampejos
dos ocultos segredos de Deus

Trago o legítimo eclipse
da lua sem beleza
Trago a face da criança
que sofreu a tristeza
de saber que um dia
deixaria de existir
Que chorou a agonia
de não querer partir

Não desejo que entenda
ou releve meu escrever
Só peço: Retire as vendas
que escravizam o teu ser
Que não te deixam enxergar
a verdade imutável
e a realidade crucial:
Nem a realeza das flores,
nem tua felicidade...
Nada é imortal!

Des (Arcadismo)

Racionalidade casual
Raiz dos ultrajes
Carpe Diem ideal
Desumanos árcades

Tentar ser razoável:
Cume da passionalidade
Perfeição inalcançável
Crime sem intencionalidade

Negar a crueldade humana
é um corrosivo ácido
Idéia ignóbil, profana
Uma desgraça, um pecado

Um pecado contra a castidade
da real insensatez da vida
Uma flecha contra a verdade
da ira que pode ser sentida
do amor que foi repudiado
das resistências reprimidas

O lirismo bondoso
não me atrai
Me soa tolo, insosso
Poesia ineficaz

Prefiro a loucura
do alarme falso
Dispenso a cura
do estardalhaço
Vivo limpa e pura
na imprecisa mistura
do descompasso...