segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Prisão domiciliar .


Ergui meus olhos à janela
num silencio árduo e inquietante
Formei ali minha própria tela
como imagem eterna, agonizante

Vi decair uma estrela cadente
e a enxerguei como grande farsa
Nem pedidos frios nem desejos quentes
em verdade ela transformava

Razão, tentação e desequilibrio
moldaram aqui tortuosa escultura
Palavras, pedras e ínfimo delírio
fizeram-me cavar minha sepultura...

Posso dizer então que o fôlego cansado que infiltrou-se em minha respiração,
não faz juz à força da chuva que há pouco tempo molhava o chão da rua.
Virarei a noite observando quem atravessa o outro lado da janela,
ouvindo as vozes que embalam em conversa,
sem nenhum escrúpulo, sem nenhuma pressa...

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Véu .

Na madrugada procuro a lua
como quem procura um sinal
Deliro tensa, atravessando a rua
esquivando-me d'um acidente fatal

Fecho meus olhos e então os abro
Inspirando sublime esperança
Tento esmagar meu pecado
Envolvendo minh'alma em dança

Procuro entre as estrelas no céu
encontrar o trono de Deus
Deitada em terra, rasgo o véu
livrando-me dos males seus

Não continuarei no chão
Levantarei o mais depressa possível
Sou mais forte que a desilusão
E minha força vem do invisível


E eu sei, que posso sim, sarar esta dor que me impede a fala.