segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Prisão domiciliar .


Ergui meus olhos à janela
num silencio árduo e inquietante
Formei ali minha própria tela
como imagem eterna, agonizante

Vi decair uma estrela cadente
e a enxerguei como grande farsa
Nem pedidos frios nem desejos quentes
em verdade ela transformava

Razão, tentação e desequilibrio
moldaram aqui tortuosa escultura
Palavras, pedras e ínfimo delírio
fizeram-me cavar minha sepultura...

Posso dizer então que o fôlego cansado que infiltrou-se em minha respiração,
não faz juz à força da chuva que há pouco tempo molhava o chão da rua.
Virarei a noite observando quem atravessa o outro lado da janela,
ouvindo as vozes que embalam em conversa,
sem nenhum escrúpulo, sem nenhuma pressa...

2 comentários:

  1. A pior prisão é aquela que não tem muros, grades ou cercas, a pior prisão está dentro de nós!!!!

    Beautiful!!!

    ResponderExcluir
  2. Linda poesia! Adorei o blog, escreve muito bem!

    Voltarei sempre.

    http://www.nacidadecinza.blogspot.com/

    ResponderExcluir