segunda-feira, 10 de junho de 2013

Inferiores .

Perdeu o pudor desde cedo
Conheceu a morada do vício
Paixões sujaram seus dedos
Depredação ao meretrício

Não foi completamente prostituída
mas o foi aos pedaços
Erotizada, corrompida
Um mero altar de fracassos
Sangue banal, moral cuspida
Infeliz e imperdoável

É inútil a tentativa de ser
boa mulher, boa pessoa
A culpa tende a crescer
e a tristeza até ecoa
em meio à superficialidade

É bendito o útero que tu tens
É bendita a beleza que trazes
Malditas as tuas escolhas, tua sensualidade?


Son(h)o .

A Consciência se acende
enquanto a luz se apaga
O inquieto ser pressente
o triunfar das graças

O "acordar" só concerne
os atos impulsivos,
a satisfação da pele,
os pecados cometidos
Mas as noites, inertes,
atacam os sentidos

Tão fortes os remédios
que logo surtem efeito
Hipocondria, ímpeto
Ingiro comprimidos, deito

Durmo por algumas horas
Dentes rangem - bruxismo!
E um espírito mau assola
o meu corpo, em um atrito

Ouço meus poetas prediletos
a recitarem belas poesias
O sono é o portal secreto
d'uma santa esquizofrenia

"Eu amo a Noite que este Sol arranca!"

Eu amo a velhice que em mim habita
Pesadelos tidos na infância
deixavam-me c'alma aflita,
Mas hoje, as minhas ânsias
são se resumem na aliança
entre sonhos e noites vivas!