sexta-feira, 29 de junho de 2012

Fim de noite .


As músicas chegam aos meus ouvidos mesmo com as janelas do quarto fechadas e eu, lendo pela terceira vez o mesmo artigo, me sinto abatida e só. Talvez, quando amanheça, nem olhe para o céu. Que diferença haveria entre o sol e a trovoada, se dentro de mim a sensação é de desencontro? Agora, com o artigo sob a mesa, penso em ouvir alguma música agitada, ou quem sabe ler poemas eróticos. Fugir um pouco do meu modo comum de viver, para me desprender das leis que obedeço há muito tempo. Estou exausta desses livros que me acompanham nas madrugadas e nos bancos das praças, mas mesmo fadigada não os deixo por um instante sequer. A ampulheta do meu tempo está parada e ameaça nunca voltar a funcionar.
A cabeça já começa a doer e me pergunto por que os remédios não fazem mais efeito... A chuva caindo lá fora, meus olhos secos aqui dentro, os pássaros buscando um refúgio pra escaparem do frio e eu presa em meu próprio quarto, sem ter condições de fugir do frio da minha lentidão e da minha concepção monótona de que a satisfação é melhor alcançada quando se aprende mais sobre história e filosofia.
Por vezes, sinto o tímido desejo de mudar minha forma de enxergar o mundo, de sair mais, de reavivar a cor dos meus olhos baixos e semicerrados. Assim, vai surgindo em minha mente uma agonia tão insana e um desespero tão repreendido que até o ânimo de escrever me foge e as palavras me parecem tão escorregadias que se torna impossível tê-las como aliadas. Realmente estou só. Acho melhor tomar mais uns comprimidos e tentar dormir, antes que meu coração palpite mais forte e que a sudorese invada o meu corpo. Prefiro o risco de não ter sonhos durante o sono, do que estar acordada e acreditar viver um pesadelo, no qual as minhas escolhas me esfaqueiam a cada segundo que se passa.

domingo, 3 de junho de 2012

Indiferença .

Sangue corre nas veias
rubro, rápido e quente
Inerente à vida alheia
com alto teor fervente
Retratando toda força
das letras lançadas
na sujeira das poças
d'uma ira elucidada...


Jamais frearei a língua
diante de hipóteses
Nem chorarei à míngua
sem batons e retoques


O insulto é um filho 
que carrego no ventre
É a cobra que eu crio
É a minha semente
É o terreno baldio
do qual sou residente!