Entregue ao descaso
de longíquas amizades
Leviana ao sargaço
de trépida tempestade
O orgulho alimentado
me remota à saudades
Ontem, à sombra noturna
Limitada a lembranças
Reconheci a ilusão impura
de saudosista Esperança:
senhora da vida eterna
que de tão bela desperta
em mim, rubor de infância
Revelei em meu seio os filmes
Do choro, que não vistes
De carinhos desprezados
Dos ciúmes rechaçados
Tantos amores disfarçados
em lágrimas virgens
Propus ao meu coração
devaneios antigos
Apertei minhas mãos
Atentei os sentidos
Reacendi a emoção
de instantes perdidos
Inúmeros abraços dados
Sorrisos calorosos
Fracassos suspirados
Juras e votos
Meu peito arqueja em frio
E nele me envolvo - demente
Inundo meu corpo num rio
com enguias e serpentes
Pois a Morte deve ser
mais densa que a Vida
Lânguido é o morrer,
mas e a alma - infinita?
Não bastaria o sono eterno
para estancar os estragos
Talvez chuvas de inverno
hipotermizem os machucados
para que eu não mais sinta
a sinestesia de outrora
Desejo ser nova e límpida
como a alvorada e a aurora...
Escrito em 23 de agosto de 2011.
Como dói :(
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