domingo, 7 de novembro de 2010

Criança interior .


Atuação dramática, drástica
Personagens... Ficção ou realidade?
Cena sádica, trágica
Amor... Mentira ou verdade?

Recém-nascido crescendo em meio à mansão
repleto de insultos extremos e humilhantes
Amamentado de desprezo jogado no chão
engasgado em seu próprio choro por instantes

Em vez de banhos mornos recebeu queimaduras
Em vez de amor sentiu a ponta de um cigarro
O que melhor seria: Um abraço ou uma surra?
O que sua mãe preferiria: Um bebê ou um carro?

Criança que geme, sofre e não ri
Criança aflita, chorosa, aqui
Dentro de mim, dentro de ti
Um recém nascido sem sorte,
abandonado, sozinho, refém da morte

Não chore pequeno anjo, deixe que eu tape seus ouvidos
Não ouça esse grito rasgado que saí de minh'alma
Esta manhã foi despertado aquele maldito egoísmo
em forma de mãe sem sentimentos, sem nenhuma calma,
trazendo em mãos espadas cortantes,
estando louca e a gritar,
revoltando-se com sua própria dor incessante
,
querendo à criança sem defesa matar

Queima-la com o fogo de um trauma passado
Afoga-la na mágoa, deixando-a agonizar sozinha
numa noite fria de novembro, num sábado,
onde não se ouvia cantos de passarinho nas vinhas
Desejando deixar em seu rosto angelical
marcas de sua loucura
Cicatrizes que iriam representar
o cume de uma trágica tortura

Dores escondidas e ânsia revelada
Vistas no futuro da criança maltratada
A mãe ainda consegue a deixar calada
com seu extremo cuidado de mãe desnaturada

Amor e ódio sempre guerreando,
lutando dentro d'uma alma abatida
Carência e maldade, ambas se rebelando
trazendo à memória a bipolaridade de uma vida

Vida com fases demarcadas
Marcadas por grandes feridas,
por um recém-nascido que nunca crescia,
Por cicatrizes, vozes roucas, nada líricas,
e por um egoísmo desgraçado
constante em plena luz do dia

[...]

Não deixe suas ânsias ácidas matarem
e desgastarem a sua criança interior
Não deixe suas chamas sucumbirem
e queimarem o que resta do seu amor

Deixe sua criança livre, voando dentro de você.
Deixe-a viver.
Deixe-a viver.


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