sábado, 8 de outubro de 2011

Falsos sorrisos .

Na arquibancada me vejo
em êxtase, euforia
E entre sorrisos festejo
o ápice da alegria

Assisto a performance
d'um palhaço triste
que, em súbito relance
revela a dor que existe
no seu peito cicatrizado
no coração desgarrado
que em risos insiste

Sorria palhaço
e faça-me rir
de tua desgraça
Deixe-me fingir
que acho graça
de tua aspereza

É a tua tristeza
tão inexata
que me apetece
Teu fingimento
Torpe incêndio
que me aquece

Porque parou de rir, palhaço?
Ouvistes meu pensamento?
Porque emprega lentos passos?
E tão rápidos perpassos
para perto de mim?
O que houve, palhaço?
Porque sorri assim?

O que tiras da cartola
seria um punhal?
A lâmina que amolas
é objeto banal?

Me enganei e que engano!
Quão tamanho foi o dano
da minha ingenuidade
Cri no sorriso mentiroso
de um palhaço louco
em total infelicidade

Foi naquele dia sombrio
que os meus olhos vazios
perderam toda a vaidade
Senti a punhalada frígida
da mentira recaída
com ar de verdade

Senti a ilustre exatidão
do mal que um coração
pode, talvez, propor
E é nesta atmosfera circente
que o meu vão inconsciente
irá se recompor...

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