quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Rotineiros ciclos .


Todas as noites, quando passo por aqui, olho rápido pra trás e me assusto com a minha própria sombra. Meus reflexos são muito bem estimulados nas ruas desertas dessa cidade suja. Quando chego em casa me divido entre os afazeres, o sono e a alimentação. Nada de agitações, minha maior festa é terminar os três capítulos diários, não estar sentindo dor alguma e não ver ninguém ao meu lado. Prefiro ficar só.

Sensação de encontro no tempo: o tempo de hoje remete ao tempo em que desencontrei alguém; fixo o meu olhar na paisagem horizontal e, então, canso-me de tudo.



terça-feira, 14 de agosto de 2012

Ao alcance dos meus olhos .


Vejo nuvens espaças
presas em redes de estrelas
nítidas, alvas e iluminadas,
nunca opacas e secas

Vejo pessoas-imundície
de índole engravatada,
Engenhando mísseis
Desenhando armas
e planejando incríveis
destruições em massa

Vejo o asfalto, duro e frio
como o coração de tantos
que no espelho arredio
sufocam seus prantos,
e que, no cotidiano vazio
emitem fúnebres cânticos!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Presente do tempo .

O Sol escorregadio
que desliza involuntário
De tão quente e febril
parece estar desmaiado

Abaixo dele, as Carcaças
dos seres meta-morfos
Anunciam com desgraça
o mundo dos mortos
e exibem a sarcástica
desestrutura dos ossos

O Sol, deveras doente
frita os restos humanos
Atravessa com luz as lentes
Aturde o principio do dano:
Queima qualquer inocente
que sinta o passar dos anos!



Disparidade .

Agora está distante alguém que há alguns dias esteve bem perto. O eco dessa distância ecoa em uma trilha decorada, margens brancas, grossos riscos. O olhar, os óculos, o beijo negado. Eu existia, e comigo, o não: um problema.